Uma das imagens mais icônicas do Indo-Pacífico é a vista de um jardim submerso de corais duros envolto por um imenso cardume de peixinhos dourados – as Anthias. Elas são vistas aos milhares nadando graciosamente contra as correntes que fustigam os recifes, muitas vezes em áreas revoltas próximas à quebra das ondas. Também são comuns em locais de naufrágios, o que lhes rendeu o apelido de wreck fishes. É difícil acreditar, mas as Anthias são parentes próximas das temíveis garoupas (que dificilmente levariam os laços familiares em consideração antes de engolir suas priminhas).
Dentre as mais de 200 espécies, a Lyretail Anthias é a mais difundida na natureza e também nos aquários. Felizmente também é uma das mais fáceis. Mas “fácil” é um termo que dificilmente se aplica a uma Anthias e se você ainda for um neófito em aquarismo marinho, um conselho: arrume outro peixe.
Por viver em cardume, a Anthias fica bem mais feliz em um aquário grande a partir de 400 litros, que possa acomodar um macho e um harém de várias fêmeas. O macho é muito territorial e, além de não gostar de ter outros concorrentes por perto, vez por outra desce a lenha nas fêmeas também para mostrar quem é o garnizé do terreiro. Um ponto curioso é que, se ele morrer, seu lugar será tomado pela fêmea dominante, que eventualmente se transforma em outro macho. Se o aquário for pequeno (200 litros é o mínimo recomendável), você tem a opção de colocar um único peixe, embora o célebre autor Robert Fenner alegue que Anthias solitárias cedo ou tarde podem exibir distúrbios comportamentais.
Por falar em comportamento, a Anthias é muito impressionável e se não estiver bem ambientada você corre o risco de qualquer dia encontrá-la seca no chão da sala. Para evitar essa cena aterradora, você deve providenciar uma tampa, uma boa quantidade de rochas vivas que sirvam como esconderijos e a companhia de peixes seguros e tranquilos (mesmo que a Anthias, por sua vez, possa ser bem sacaninha com peixes menores e mais tímidos). Assegure-se de que a água do aquário esteja em perfeitas condições e deixe o fluxo bem intenso, simulando as fortes correntes do seu habitat oceânico. O não atendimento de todos esses critérios pode induzir um quadro de stress favorecendo a propensão natural da Anthias para infecções de bactérias e protozoários.
A alimentação talvez seja o ponto mais difícil. A Anthias tem um metabolismo muito rápido e deve ser alimentada ao menos 2 vezes por dia, de preferência 3 ou 4. Embora no início prefira alimentos vivos (ex: artêmias adultas), ela pode ser condicionada a aceitar gradualmente alimentos congelados e secos, como artêmias, mysis, cyclops, Calanus e outras rações industriais. É bom ter um sump com refúgio e uma cama de areia profunda que favoreça a proliferação de pequenos crustáceos, como copépodes e anfípodes, que a Anthias possa petiscar entre uma refeição e outra.
Por não permitir nenhuma margem de erro, a Anthias definitivamente fica melhor instalada em um aquário high tech grande e bonitão, repleto de corais duros e com parâmetros constantemente monitorados por um sistema de computador. Em outras palavras, em um aquário de gente rica.
Obs 1: O Midas Blenny (Ecsenius midas) frequentemente é aceito como membro honorário de um cardume de Lyretail Anthias, formando uma trupe divertidíssima!
Obs 2: A maioria das Anthias encontradas no aquarismo não são “verdadeiras” Anthias, mas sim parentes próximas do gênero Pseudanthias (como o nome diz, “falsas anthias”). As verdadeiras Anthias são nativas do Atlântico e do Mediterrâneo, raramente dando as caras no mercado. Por causa da confusão taxonômica, o nome Anthias erroneamente acabou virando sinônimo de toda a categoria.
Especialistas em Aquários . Transforme seu espaço em um pedaço do oceano com nossos serviços e produtos de alta qualidade. Descubra a beleza e a tranquilidade dos ecossistemas marinhos em sua casa ou escritório. Visite-nos e mergulhe nesse universo aquático único!"